O tumor gástrico é muito frequente em países em desenvolvimento. No Brasil é extremamente prevalente, representando o quarto câncer mais comum entre homens e o quinto nas mulheres. Do ponto de vista histológico, 95% são adenocarcinomas, 3% são linfomas e os outros 2% são sarcomas ou tumores estromais do tipo GIST.
Existem muitos fatores de risco para o desenvolvimento da doença, destacando-se:
- Consumo elevado de sal, como na ingesta abusiva de carnes conservadas em sal e nos enlatados e embutidos; consumo da substância nitrosamina encontrada em alimentos defumados; uso abusivo de álcool, destacando-se os destilados e sua piora na associação com cigarro; consumo de água de poços artesianos ricas em nitratos; cirurgias prévias do estômago; doenças autoimunes do estômago como a anemia perniciosa.
- Entretanto, os dois principais fatores de risco são: história familiar (genética suscetível) e claro a infecção pela bactéria Helicobacter Pylori. " O cigarro está para o pulmão, assim como a bactéria está para o estômago, nessa mesma proporção de causa e consequência". Como a taxa de infecção pelo H. Pylori é alta no brasileiro, seu pior desfecho, o câncer gástrico, também o é.
Os sintomas do câncer gástrico não são específicos. Os pacientes cursam com sintomas constitucionais inerentes a doenças catabólicas como emagrecimento progressivo, adinamia, náuseas, palidez e anemia, e, em 15% das vezes, sangramento digestivo ativo pelo tumor com uma apresentação clínica de vômitos com sangue vivo ou digerido tipo borra de café e/ou fezes pretas e malcheirosas (melena). Dor na "boca do estômago" ou massa palpável no abdome são achados mais tardios.
O diagnóstico é feito pelo exame de Endoscopia Digestiva Alta com biópsias da lesão para exame anatomopatológico, complementado por exames laboratoriais e de radiologia como tomografia computadorizada para estadiamento.
O tratamento da lesão vai depender do estadiamento de cada caso, podendo ter intenção curativa ou, infelizmente, em algumas situações, paliativa. Cirurgias, radioterapia e quimioterapia são preconizadas isoladamente ou em associação de acordo com o estadiamento de cada caso. Importante frisar que quando o diagnóstico do tumor se dá em fase inicial, restrito a mucosa, ou subtipos de baixo potencial de agressividade como nos GISTS e alguns linfomas, o tratamento endoscópico pode ser curativo sem necessidade de cirurgia.
Novamente, o melhor tratamento é a prevenção. Realizar o exame endoscópico precocemente salva vidas. Pessoas com fatores de risco como história familiar positiva para câncer gástrico e vivendo em regiões com elevada prevalência do H. Pylori devem procurar um especialista para orientações.