ePrivacy and GPDR Cookie Consent by Cookie Consent Dr. Gustavo Morales · Patologias · Cirrose e Varizes no Esôfago

Patologias Cirrose e Varizes do Esôfago

Os pacientes com cirrose hepática, independente da causa de sua doença (alcoolismo, hepatite crônica por virus B ou C, doença autoimune, entre outras) tendem a evoluir com a formação de varizes esofagianas.

Isso acontece porque todo o fluxo sanguíneo do abdômen, que se dirige ao fígado pela veia porta, depara-se com um aumento de resistência devido à intensa fibrose desse órgão nos pacientes com cirrose. A pressão nesse sistema venoso aumenta tanto que ocorre a formação de vasos venosos colaterais, que tangenciam o fígado doente, sendo os mais relevantes as varizes esofagianas.

O sangramento digestivo decorrente da ruptura dessas varizes esofagianas é tão intenso (considerando o grande calibre dos vasos e a coagulopatia que os pacientes cirróticos apresentam), que, mesmo acontecendo em ambiente hospitalar, a mortalidade pode chegar a 30%, três vezes maior que a do infarto do miocárdio por exemplo.

Particularmente, por ter atendido muita hemorragia digestiva, em plantões de endoscopia digestiva, e por trabalhar em um Complexo Hospitalar, que é referência em atendimento de pacientes com cirrose, minha dissertação de mestrado foi sobre o assunto e o consequente trabalho científico intitulado "Octreotide for esophageal variceal bleeding treated with endoscospic sclerotherapy: a randomized, placebo-controlled trial" foi publicado na revista Hepatogastroenterology, Jan-Feb 2007;54(73):195-200.

Hoje tratamos esses pacientes com varizes esofágicas com um kit multi-bandas de ligadura elástica realizada por endoscopia digestiva alta. O procedimento pode ser realizado tanto para a prevenção primária de uma primeira ruptura e hemorragia digestiva quanto para tentar cessar um sangramento agudo em atividade.

O procedimento é realizado sob anestesia. Através de endoscopia, o médico identifica os cordões varicosos e planeja a estratégia da sessão de tratamento. Então, o dispositivo de ligadura elástica é conectado à ponta do aparelho endoscópico, ficando a manopla de disparo dos elásticos sob controle do endoscopista. Após a introdução do aparelho, o endoscopista identifica as varizes e aspira o ponto a ser ligado para dentro do dispositivo. Logo após, dispara a banda de ligadura soltando o anel de borracha, que estrangula a porção da variz que foi aspirada. Este estrangulamento faz a variz diminuir de tamanho até "secar".

Cada sessão costuma durar cerca de 30 minutos e as sessões são repetidas geralmente a cada 30 dias até a erradicação completa das varizes. A quantidade de sessões irá variar conforme o tamanho inicial das varizes e a necessidade de cada paciente.

Com esse simples procedimento endoscópico terapêutico temos evitado hemorragia digestiva e sua consequente mortalidade. A melhor combinação é diagnosticar precocemente e tratar com endoscopia antes que o sangramento ocorra!

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